segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Viverei


Estou acima da fossa.
Estou perto, estou longe.
Ainda espero.
Cheguei à altura. A distância da margem para o fundo que estou se distancia mais a cada passo que vivo.

Uma pedra na água.
Duas pedras na água.

Vivo comigo mesmo. 
É tão difícil tornar-se consigo que às vezes não me suporto.
Ou importo.
Vivo contigo. 
Tu és o meu consigo.

Duas pedras bem ao fundo do rio.

Duas pedras sobre a margem do rio.

Minha casa foi recoberta. O meu jardim foi reencantado com um brilho escuro e distante.
A verdade é que agora eu vejo a verdade. 
Nada se faz em meio a tantos rios congelados.
Eles estão em sua mais alta primavera hoje.

Meu castelo desabou. Eu o reconstruí.
Meus campos floridos finalmente secaram. Os reflorestei.
E eu nunca soube o que fazer além de deixar de ver.
Agora os vejo.
Agora os vejo.

No momento, deixo de morrer por mim. Assim, vivo no momento certo e espero os outros ressurgirem.

E irei viver. 
Irei viver a cada instante. 
Assim, andante.

Viverei por mim. Viverei para mim.
Enfim, viverei.
Viverei em mim.

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