sábado, 29 de dezembro de 2012

Morrerei


Essa fossa está me cobrindo a cada instante mais.
Não me sinto perto, não me sinto longe. Apenas espero.
Não me ponho à altura. A distância da margem para o fundo que estou se torna mais viva a cada passo que morro.

Uma pedra na água.

Moro comigo mesmo. É tão difícil tornar-se consigo que às vezes não me suporto.
Ou importo.

Duas pedras bem ao fundo do rio.

Minha casa foi recoberta. O meu jardim foi reencantado com um brilho escuro e distante.
A verdade é que nada se vê. Nada se faz em meio a tantos rios congelados.

Meu castelo desabou. Meus campos floridos finalmente secaram.
E eu nunca soube o que fazer além de deixar de ver.

No momento, deixo de viver por mim. Assim, morro no momento certo e espero os outros ressurgirem.

E irei morrer. Irei morrer a cada instante. Assim, andante.

Morrerei por mim. Morrerei para mim.
Enfim, morrerei.

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