terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Lembrar-me (Parte I)


Já não me ponho no lugar que um dia esqueceram-me.
Já não esqueço se um dia irei conseguir colocar-me em minhas lembranças novamente.
Já não lembro se um dia irei lembrar.
Já não temo o temor.
Já não me furto de mim mesmo.
Já não sou o fruto de mim mesmo.

Os tempos agora são outros. Está tudo completo, mas de uma forma vazia.
Vazia como uma mente que se queima com suas lembranças.

O além de todas as coisas parece tão real.
Quase tangível, mesmo estando além.

A lástima agora se esconde atrás da árvore escura. Sim, aquela que fora esquecida e abandonada; traída e partida por seu próprio e único ser.
O ser que se estende após mim.

As janelas que me impedem de ver o sol de outra forma, acabam transformando-me o ser.

Confuso e em contínuo desespero, o triste animal colocou-se no seu fim. Ele já não lembra se um dia irá lembrar.

O doce me vêm à boca de uma forma amarga.
Por que as janelas estão tão fechadas?
Por que o porquê perdeu sua mais absoluta razão?

Cadeiras vazias à frente e suas multidões.

Mesmo que o tempo esqueça de passar, as janelas que me fazem sonhar além só me lembram de fechá-las.
Estou aqui, fazendo com que o fruto de mim mesmo cresça, enfim,

Confundi-lo.
Respirá-lo.

Lembrar de mim.

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