terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Esquecer-me (Parte II)


Já não me ponho no lugar que um dia esqueci.
Já não sei se um dia me porei em minhas lembranças novamente.
Já não irei lembrar.
Já não há temor.
Já não me furto de mim mesmo.
Eu sou o fruto bom nascido de mim mesmo.

Os tempos são outros. Tudo está completa, na sua mais completa perfeição.
Perfeito como uma mente que já não se queima com suas lembranças.

O além de todas as coisas tornou-se real. Quase tangível, mesmo estando além.

A lástima abandonou a árvore escura de onde por tanto tempo se escondera.
A lástima deixou de ser lástima.

Já não há janelas que possam impedir-me de ver o sol. Elas transformaram-me o ser.

O triste animal, que fora confundido e estava em contínuo desespero, permaneceu no seu fim. Ele esqueceu de lembrar.

O doce me vêm à boca. Ele permanece doce.

As janelas estão abertas.
O porquê está acompanhado com sua absoluta razão.
As multidões agora estão lá fora, alimentando-se do sol.

O tempo não esqueceu de passar.
As janelas estão abertas.
Já não dói.

Estou aqui regando o fruto que nascera em mim mesmo. Ele têm crescido, enfim.

Respirá-lo.
Respirá-lo.

Esquecer de lembrar de mim.


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Ps.: Os dois textos foram escritos com um abismo de um ano, e uma vida - que fora vivida em dois anos, e uma vida.

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