segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Pássaros Negros



Um dia o dia nasceu melhor. Um dia não precisávamos esconder o que não conseguimos ver. Um dia o que havia não sonhava em ser o que se tornou.

Muito pouco do que se foi, ainda é. Muito pouco do que sorriu, ou gerou sorrisos, continua a cativar.

Os pássaros negros também conseguem cantar. Quando deixamos de ouvir a sua longa e bela sinfonia?

Havia o verde além. As flores alegremente esperavam o sol; outros lagos traziam a calmaria. Havia um belo e silencioso jardim.

Nada restara. Nada ainda caminha com esperança de chegar ao fim. Nada mais consegue olhar o céu e enxergar o seu azul.

O vermelho nos atingiu. Os orvalhos secaram e o que um dia fora belo perdeu seu lugar. O seu lugar.

Quando nos tornamos tão imiscíveis? Quando a luz se tornou escura? Quando, então, esquecemos o que aprendemos que nunca se deveria esquecer?

Estamos perdidos nesse transcendental mar de incertezas, onde apenas uma coisa é certa: o que é mais certo que o eu que quero atingir?

E os pássaros negros continuam a cantar.

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