Um dia o dia nasceu melhor. Um dia não precisávamos esconder
o que não conseguimos ver. Um dia o que havia não sonhava em ser o que se
tornou.
Muito pouco do que se foi, ainda é. Muito pouco do que
sorriu, ou gerou sorrisos, continua a cativar.
Os pássaros negros também conseguem cantar. Quando deixamos
de ouvir a sua longa e bela sinfonia?
Havia o verde além. As flores alegremente esperavam o sol;
outros lagos traziam a calmaria. Havia um belo e silencioso jardim.
Nada restara. Nada
ainda caminha com esperança de chegar ao fim. Nada mais consegue olhar o céu e
enxergar o seu azul.
O vermelho nos atingiu. Os orvalhos secaram e o que um dia
fora belo perdeu seu lugar. O seu lugar.
Quando nos tornamos tão imiscíveis? Quando a luz se tornou
escura? Quando, então, esquecemos o que aprendemos que nunca se deveria
esquecer?
Estamos perdidos
nesse transcendental mar de incertezas, onde apenas uma coisa é certa: o que é
mais certo que o eu que quero atingir?
E os pássaros negros continuam a cantar.
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