terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um dia fora eu



O anjo olhou-me nos olhos. Perdi os sentidos admirando seu olhar.
As dores continuam a caminhar ao meu lado, mas apenas respiro o seu silêncio. A rosa morreu.

Decorei os versos, ensaiando-os sempre, aguardando a hora de atuá-los no meu teatro solitário.

O que restou era eu.

Fechei os olhos e vi a luz vermelha do sol batendo-me à porta. 
Se sorri, esperei o vento passar.

O que restou?

Plantei-me em solo infértil esperando florescer.

O céu azul brilha, mas as cores continuam desbotadas. Desbotado estou eu, vendo o que nunca fora real tornar-se como o céu, até um dia vir à sepultura.

Um dia fora eu.

Levemente o vi sorrir. Tentava eu adivinhar o seu próximo passo. Tentava eu desvendá-lo como se isso e todo o resto fosse possível. Tentava eu tentar.

O que restou um dia fora eu.

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