sábado, 27 de outubro de 2012

Retrato



Às vezes a alma dói.
Fala-se consigo enquanto apodrece-se em uma sala escura.

Cair à frente e nunca mais levantar.

Tormento.

Às vezes o coração perde a função. As veias viram dutos de dor e levam adiante o sofrimento. 
Cair à frente e nunca mais levantar.

Às vezes não se sabe ao certo discernir o homem e o chão. O chão chora por ser pisado. O homem chora enquanto cai ao chão, e assim, é pisado por si mesmo.

Cair à frente e nunca mais levantar.

Às vezes o olhar perde o foco, derruba o importante e leva nada mais que um momento. 
Cair à frente e nunca mais levantar.
A muralha que divide a dúvida e a plena certeza está sendo reformada. Aumenta-se o seu tamanho a cada instante.

Cair à frente e nunca mais levantar.

Às vezes a alma dói. Esqueceu-se de olhar a beleza do retrato na parede.

O sangue corre, corre, corre...

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