Às vezes a alma dói.
Fala-se consigo enquanto apodrece-se em uma sala escura.
Cair à frente e nunca mais levantar.
Tormento.
Às vezes o coração perde a função. As veias viram dutos de
dor e levam adiante o sofrimento.
Cair à frente e nunca mais levantar.
Às vezes não se sabe ao certo discernir o homem e o chão. O
chão chora por ser pisado. O homem chora enquanto cai ao chão, e assim, é
pisado por si mesmo.
Cair à frente e nunca mais levantar.
Às vezes o olhar perde o foco, derruba o importante e leva
nada mais que um momento.
Cair à frente e nunca mais levantar.
A muralha que divide a dúvida e a plena certeza está sendo
reformada. Aumenta-se o seu tamanho a cada instante.
Cair à frente e nunca mais levantar.
Às vezes a alma dói. Esqueceu-se de olhar a beleza do
retrato na parede.
O sangue corre, corre,
corre...




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