segunda-feira, 31 de julho de 2017

Soneto do Esquecer


E foi-se o tempo em que me eras por aurora, todas as alvas ou amanhecer.
Buscava em teu sorrir um pouco de respirar, qualquer ventania que me trouxesse ar.
Olhava-a e tão comum à minha mente se envolvia no pensar.
Pensar que o ganho que me deste me evitava perecer.

Acabou-se o tempo em que te via nas vias, esperando-te por comida.
Alegrava-me e penetrava-me o âmago do doce que me pusestes.
Via então que enquanto era a princesa na carroça, eu fora apenas o pedestre.
Não mais me via na madrugada. Apenas dormia e esquecia afinal qual seria o horário de minha partida.

Amor e flor, flor e amor. Um belo jardim no qual morreu, pereceu, finalmente voltava a ser eu.
Não mais regado às tuas flores, esquecido do sorriso, encontrava a bela luz e escapava de teu breu.
Que venha mais por esquecer, pois preciso sobreviver pra não mais me arrepender de assegurar-me à falsos portos que a vida me prouvera.

Não preciso enfim de mais. O que restou me acrescentou e ensinou-me a ser um universo melhor. Aprendi por fim uma bela melodia que passeava entre si bemol e dó maior.
Com pequenas flores aprendi que somos por fim, infinitos e florescentes hortos, que sempre após o longo inverno, nos tornamos primavera.

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