domingo, 5 de fevereiro de 2012

1925


Parece que o tempo decidiu parar de passar.
No momento que parou, eternamente permaneceu.
Seus olhos simplesmente se formaram, em um azul que o passar lhe deu.
O ontem nunca passou.

Em breve mais um ano vai. Nos damos conta de que olhar pra trás só nos transforma em estátuas de sal.
Assim me encontro.

Foi tão curto. Tão frio.

Você pegou o trem na estação.
Esqueci de trazer minha passagem.

Me adormeci.

Em que sonho resolvi viver?
Qual a ponte destruída resolvi pular?

Você pegou o trem na estação.
Queria ter trago minha passagem.

Dê-me seus braços, como antes, irei impedir sua queda.

Um dia, saberei que não houve perda.
Que toda a fraqueza não passava de ilusão.
Mas enquanto o tempo não passa, deixe-me amar suas lembranças.


1925.


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Dedicado a quem me deixou marcas.
Fez minha infância.
Ainda está presente.
Natércia, minha doce e eterna avó.

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