domingo, 5 de agosto de 2012

Conto da menina do vestido sem cor


Braços abertos, olhos fechados e um sorriso. A luz no campo refletia a cor clara de sua pele.
Ela acabou de transformar o seu mundo.
Os doces e amargos da vida lhe trouxeram o que ela não precisava e deixaram de lado o que mais lhe era necessário.
Entre dúvidas do que fazer ou deixar de ser, decidiu se entregar ao braço do seu intento.
O seu lar estava repleto de branco fresco.
Sua voz perdeu a cor por algum tempo.

Então ela finalmente percebeu que o universo é particular, fazendo parte dos seus critérios justos e se abstendo dos injustos.

O cinza tomou conta.
A prática de se fazer perdeu-se, então simplesmente ela não mais se cuidou.
Os dedos pareciam lhe apontar a todo instante, perseguindo os seus mais profundos e abissais lados expostos.
Decidiu tentar desdobrar o horizonte que a incomodava.

O preto chegou.
A ausência da luz a fez acordar.
Onde estou? indagou a pobre garota.
Me sinto? perguntou a si olhando para o seu espelho interno.
O que faço pra sair, se o que me resta é um vestido sem cor?

Pensou na carta de adeus.
Decidiu deixá-la guardada para quando sua segunda eternidade viesse, tivesse a prova necessária de que aprendeu a pintar o escuro.

Amanhã não se precisa de adeus.

0 comentários:

Postar um comentário