quinta-feira, 31 de maio de 2012

Conto de Uma Criança Perdida


Um olhar perdido, inseguro, impossível de se ler.
O menino olhou ao redor e notou onde se encontrava.
Pensou em fugir. Mas fugir para onde?
Tudo o que tinha era um urso velho de pelúcia que lhe faltava o olho esquerdo, e com a cor desgastada que o tempo lhe proporcionara.

Olhou ao redor.
Porque as pessoas pareciam tão estressadas?
Porque pareciam tão infelizes?
Barulhos agudos e graves de buzinas.

Fitou o olhar triste do urso.
O que vamos fazer agora?

Olhou ao redor.
Gritos, pessoas sem tempo, aparelhos e dispositivos que só as faziam deixá-las mais submersas em seu próprio átrio de egoísmo.
O meu eu é mais importante.

Quanto desamor, notou o menino.

Um velho com a mão estendida horas a fio, esperando receber algum trocado ou sobras de qualquer coisa que conseguisse saciar sua fome.
Fome de amor.

Olhou ao redor.
No fim da calçada, havia uma triste e solitária flor, ainda viva, mas suja com a falta de atenção que as pessoas resolveram lhe dar.

Ainda existe vida, falou baixinho no ouvido do urso.

Olhou ao redor.
Pensou.
Pensou.
Pensou.
Porque eu resolvi vir pra cá?

Assim, a criança ficou, horas, dias, semanas, meses pensando.
No fim, a falta de amor, o fez perecer.
Aqui jaz um coração inocente.

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